Chocante! Entenda como história viral de motorista de aplicativo que comeu cachorro-quente da cliente virou uma denúncia grave de agressão e abuso

A internet parece ser um lugar tão infinito, mas no final das contas pode ser pequena como um ovo! Nesta semana, uma thread —sequência de posts no Twitter sobre um mesmo assunto — viralizou na rede social com a história de um motorista de aplicativo que teria comido sem autorização o cachorro-quente que deveria entregar para uma cliente. No entanto, a história teve um desenrolar chocante… O rapaz foi identificado como Ian Cury, nome por trás de um vídeo viral na web de anos atrás. E para completar, a irmã dele afirmou ter sido agredida e abusada por Cury no passado.

Tudo começou na segunda-feira (24), quando Bruna Tate criou uma thread em seu Twitter falando sobre o caso curioso que tinha acontecido com ela e sua esposa Cláudia Gomes, que são proprietárias de uma empresa de lanches no Rio de Janeiro. A empreendedora explicou que uma de suas clientes fiéis, Renata Ávila, sempre costuma fazer o pedido do mesmo tipo de cachorro-quente toda semana, mas como não é oferecido o serviço de delivery no bairro em que reside, ela tem o costume de solicitar que um serviço de motoristas por aplicativo pegue o lanche e faça a entrega em sua casa.

No domingo (23), Renata se confundiu ao fazer o pedido no aplicativo 99. Ao invés de solicitar a modalidade de “entregas”, geralmente feita por motoqueiros, ela escolheu o “99 Pop”, que realiza viagens comuns com passageiros de um destino para outro. Em seus posts, Bruna Tate relatou que identificaram o erro no aplicativo, no entanto, o motorista já estava próximo da sua casa, motivo pelo qual não cancelaram a corrida.

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“Ate aí tudo bem, caso o motorista se negasse a realizar a entrega, ela [Renata] pediria outro carro. Minha esposa desceu com o pedido, confirmou o motorista, a foto e o carro. Ele perguntou se ela não iria junto e ela disse que era apenas uma entrega. Ele riu e disse ‘Ah tá, tudo bem, é que eu achei que você fosse junto’. Minha esposa ainda perguntou se a cliente não havia avisado a ele, e ele disse que ‘Não, mas que tudo bem’. Pegou o pacote e colocou no banco do carro. Ele não se negou a levar, apenas questionou porque não sabia que seria uma entrega, mas tudo bem”, explicou Bruna.

Em casa, Renata Ávila estava monitorando o percurso do lanche, e chegou a estranhar o caminho feito pelo rapaz, mas percebeu que ainda assim era na direção da sua casa. Ela relevou, mas não deixou de notar que Ian ficou parado em um mesmo local por um bom tempo. Ao buscar o lanche no carro, a jovem reparou que o motorista estava bebendo refrigerante e ele chegou a pedir desculpa pela demora, pois havia parado num posto de gasolina.

Hora do lanche… e da decepção! O cachorro-quente dentro do pacote não tinha nada a ver com o produto pedido por Renata. Na verdade, era um “dogão” do tipo mais popular, daqueles comprados em trailers na rua, completamente diferente dos produtos gourmet feitos por Bruna e Cláudia. “Na mesma hora eu disse ‘Renata, tira uma foto e me manda, por favor’. Assim ela o fez. Eu tomei um susto. Era um cachorro-quente desses de rua, que você come depois da balada”, lembrou Bruna.

O lanche que Renata havia pedido versus o cachorro-quente entregue por Ian. Fotos: Reprodução/Twitter

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“Eu nem tenho esses ingredientes na minha casa. Então eu disse ‘Renata, o motorista deve ter comido! Não tem outra explicação. Não tem como!’ A reação dela foi ‘PARA!’ No primeiro segundo, ela não acreditou que ele poderia ter feito uma coisa dessas, mas então ela começou a me explicar da rota, da demora, do refrigerante que ele estava tomando, e tudo foi se encaixando”, compartilhou Tate.

Movida pela sua indignação com o caso, Bruna começou uma verdadeira “caçada” para encontrar Ian Cury e confrontá-lo. Mesmo com informações limitadas, apenas a captura de tela feita no aplicativo com nome, sobrenome, modelo de carro e uma foto em miniatura, a empreendedora conseguiu encontrá-lo e o confrontou pelo WhatsApp. Sem sequer abordar o caso, Tate disse que estava “dando a oportunidade de defesa” para o motorista.

Foi mais que o suficiente para que ele soubesse do que se tratava. “Tua cliente ou você, seja lá quem foi que recebeu ou me entregou, chamou o 99 de passageiro pra largar uma sacola no meu carro. Eu não ativo nem o serviço de entregas, eu não tenho nenhuma responsabilidade sobre itens no carro”, escreveu Ian em um trecho da mensagem. “Ele disse que ia me processar se eu fizesse isso (expor o caso) que estou fazendo aqui. Ele acha que só porque entregou qualquer coisa no lugar do que eu enviei isso faz dele um herói”, reclamou Bruna.

A empreendedora não se deu por vencida e foi atrás de mais detalhes. Nas suas pesquisas, o nome do motorista estava relacionado a um vídeo viralizado na web em 2013, com mais de 20 milhões visualizações. A princípio, Bruna achou que não se tratava de Ian Cury, mas ao assistir à filmagem, uma trollagem do rapaz fingindo que estava terminando com a namorada, descobriu que realmente era o motorista. Relembre o vídeo:

https://youtu.be/FdQ3mAIV8AU

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Com novas informações nas mãos, a empresária tentou entrar em contato com a namorada do motorista, Chayanne Dummont, pelo Instagram, mas acabou bloqueada pela moça. Posteriormente, a jovem, que se identifica como blogueira em seu perfil, publicou um stories debochando de toda a situação. “Primeiramente, o que eu tenho a ver com isso? Nada. Segunda coisa, eu tô rindo muito. Ian, a pergunta que não quer calar: Você comeu ou não comeu o hot dog da mulher? Porque a mulher falou que ele comeu e botou outro no lugar. E aí, Ian?”, perguntou para o namorado, que não aparece no vídeo. “Não sei nem porque eu entreguei, porque eu não faço nem entrega, né, mano?”, respondeu o motorista.

Na terça-feira (25), Bruna Tate compartilhou o desfecho da história com Ian. O motorista comprou o mesmo sanduíche que Renata Ávila havia pedido e enviou a seguinte mensagem no aplicativo de encomendas: “Olá, você pode comer esse cachorro-quente, espero que você entregue para alguém que precise, pois eu não estou passando fome pra precisar disso”. A empresária rebateu a abordagem e explicou para o motorista por qual motivo expôs a história.

“Quem não deve, não teme. Tanto não comeu [o lanche] que está pagando o cachorro-quente. Você sabe que isso poderia ter sido resolvido de outra forma. Não fizemos tudo isso pelo valor do cachorro-quente, e sim pela sacanagem que você fez. Se tivesse nos respondido e assumido o que fez, não teríamos feito nada disso”, garantiu Bruna. Em seu post, a empresária relatou que Ian Cury fez um story em seu Instagram pessoal alegando que irá processar ela e a esposa Cláudia por causa da história.

Procurado pelo Uol, o aplicativo de motoristas e entregas 99 relatou que lamenta o episódio e que está apurando tudo o que aconteceu. A empresa reforçou que a modalidade “99 Pop” é apenas para o transporte de passageiros. “A 99 lamenta o ocorrido e esclarece que tal comportamento vai contra os Termos de Uso do aplicativo, por isso, o motorista parceiro foi bloqueado”, declarou.

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Denúncia de agressão e abuso vem à tona

O que ninguém esperava na web era que a história do “comilão de cachorro-quente” chegaria em um ponto beeeem mais tenso e revoltante. Rebecca Cury procurou Bruna Tate e afirmou que acreditava na história que a empresária contava, já que o motorista é ninguém menos que seu irmão. A jovem disponibilizou uma thread feita por ela em seu perfil, publicada em dezembro de 2017.

Na sequência de posts, Rebecca relata os casos de agressão que ela e sua mãe teriam sofrido por causa de Ian, e conta que o rapaz teria tentado molestá-la quando era criança. Uma das brigas ocorreu em 2015, quando o irmão e a namorada moraram durante alguns meses na mesma casa que o resto da família. A discussão foi iniciada quando a companheira de Ian se irritou com a sogra.  A matriarca queria entrar no quarto que o casal estava hospedado para pegar algumas peças de roupas que ficavam no armário do cômodo, mas a garota insistia em trancá-lo.

https://twitter.com/mectrash_/status/939976745867993088?s=20

“A abusadinha da @ (vou chamar assim a namorada dele) saiu bufando, destrancou a porta e gritou assim: o ****(meu irmão) fala pra tua mãe vir aqui pegar o que ela quer, porque eu já vou trancar de novo. Minha mãe ouviu o que ela falou, foi lá e disse: ‘Como assim vai trancar? Essa casa é minha, eu preciso escolher ainda a roupa e eu não vou pegar agora, deixa destrancado'”, afirmou Rebecca.

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Daí em diante, o clima ficou ainda mais tenso e a família iniciou uma grande briga com agressões físicas. Descontrolado, Ian Cury teria chegado a perseguir a irmã e agredido a própria mãe. “Eu, em desespero, entrei dentro do quarto e ele tentou arrombar. Minha mãe se meteu na frente e ele quase quebrou o braço dela”, contou a irmã do motorista.

A matriarca da família teria desmaiado e foi acordada pelo filho com um copo de água sendo jogado em sua cara. “Eu consegui sair do quarto depois e a @ (namorada de Ian) ficava me chamando de p*ranha, falava que eu era uma p*tinha. Nossa, eu xinguei tanto ela e eu tive tanto medo, tanto medo. Eu só pensava que meu irmão ia me matar. Pronto. Acabou ali. Na hora que eu empurrei ela, eu vi meu irmão (de 25 anos e eu de 13 na época) enorme vindo pra cima de mim. Quando eu vi ele já tinha me dado três socos na mandíbula (na qual eu já tinha problemas)”, alegou a jovem.

Nesse dia, Rebecca registrou um boletim de ocorrência contra Ian, mas não teve grandes resultados. Nesta mesma thread, a jovem desabafa sobre o trauma de ter sido assediada pelo próprio irmão. O gatilho para a recordação do crime foi um livro emprestado por uma psicóloga. “Ela me entregou, fala muito nesse livro sobre o distúrbio dele de sociopatia ou síndrome limítrofe ou borderline perverso, como quiserem [chamar]. E eu entrei direto numa página de sintomas e atitudes comuns nessas pessoas por acaso. Eu li ‘comportamento sexual contra crianças’. Foi nessa hora que minha mente simplesmente me permitiu me lembrar da pior sensação da minha vida”, afirmou.

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Por conta da situação traumática, que teria ocorrido quando Rebecca tinha por volta dos sete anos de idade, muitos detalhes ainda estavam “borrados” em sua mente. “Depois de alguns minutos, eu acho do que foi uma completa tortura, alguém apareceu. Não sei se foi o amigo ou a namorada (que Ian tinha naquela época), mas tirou ele de mim e eu chorava horrores. Eu tava com medo. E por sete longos anos minha cabeça me escondeu esse momento. Eu tive um apagão e eu juro que eu não queria lembrar, mas eu precisava. Eu precisava pra saber o monstro que ele é, o monstro que ele sempre foi”, desabafou.

As agressões e abusos teriam feito com que a jovem desenvolvesse síndrome do pânico, depressão e outros transtornos. “Eu juro que tudo que eu queria era poder apagar todas memórias. Minha depressão tá me arrastando aos poucos, minha ansiedade e insônia não me deixam mais dormir. Meu transtorno alimentar e de imagem voltaram. (…) Eu finalmente desenvolvi síndrome de pânico. Não é tão forte e nem tão frequente, mas tem horas que o medo toma conta de mim. Eu n consigo chorar ou gritar, eu só fico tremendo e eu tenho apagões de memória. Eu ‘acordo’ em lugares, sentada no chão paralisada sem saber como cheguei“, explicou no desabafo de três anos trás.

Infelizmente, o pesadelo não chegou ao fim… Ontem (25), Rebecca, que trabalha atualmente como fotógrafa, fez uma nova thread, relatando agora a última vez que ela foi agredida por Ian, em 2019. Ao chegar em casa com o namorado Caio, a jovem percebeu um comportamento estranho dos pais, que pediam para ela ficar no portão da garagem.

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“Meu pai tava claramente nervoso, pedindo pra eu ficar lá fora, mas eu tava brincando e não entendi o motivo. Quando olhei lá para dentro (eu sou míope) vi um homem vindo e chutei que era o Ian quanto mais se aproximava. Eu já tava muito mal e perguntei pro meu pai o que ele tava fazendo lá em casa. Falei ‘Sério, pai, vocês estão de sacanagem. O que ele tá fazendo aqui?’ Nisso, o Ian chegou e ouviu e já veio gritando comigo falando que eu era uma criança, que eu não tinha direito de fazer nada, que eu não mandava nele e ele podia ir lá quando quisesse. A gente começou a se xingar”, começou.

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A discussão ficou ainda mais complicada e o motorista agrediu Rebecca novamente. “Me enforcou pelo lado e começou a me puxar, eu tentei dar uma cotovelada na cara dele mas não acertei, então ele disse: ‘Ah, você quer me bater?’ Ele me deu um mata leão e me puxou pro carro, meus pais estavam gritando e a mulher dele (Chayanne) veio pra garagem, todos tentado tirar ele de cima de mim e ninguém conseguia”, detalhou.

A fotógrafa explicou que o irmão fez luta por anos, então as tentativas das pessoas para ajudá-la enquanto já perdia o ar eram quase inúteis. Caio chegou a buscar ajuda policial em um posto de atendimento e as autoridades alegaram que ele teria que acionar o 190. “Graças a Deus, uma viatura tava passando e o cara encaminhou eles pra lá, nesse meio tempo eu tava quase apagando, não tinha mais força, por um milagre, não sei qual, eu me soltei”, disse.

Rebecca compartilhou conversas com amigos no ano passado, quando desabafou os horrores que tinha vivido. Foto: Reprodução/Twitter

“Eu me soltei e sai correndo pro meio da rua e comecei a gritar, ele veio atrás de mim e gritou que ia me matar, que se eu chegasse perto dele, ia me enfiar a porrada até eu morrer, que ele ia me encontrar. Eu fui correndo lá pro ponto onde ficam os policiais e liguei pros meus amigos que estavam no estúdio de tatuagem (perto da casa de Rebecca). Eles vieram correndo, o policial parou o carro e o Ian tentou fugir. O policial até chegou a sacar a arma, porque o Ian ia acelerar, mas aí depois de muita briga, fomos pra delegacia e dei parte nele”, relatou.

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Por conta dessa briga, a fotógrafa conseguiu entrar com uma medida protetiva, proibindo que o irmão se aproxime dela. Ian ainda teve coragem de abrir uma denúncia contra Rebecca. “1 semana depois fui chamada no juizado de menores para depor, porque ele me denunciou por agressão. O Ian tem 1,80 de altura, lutador e ele é 12 anos mais velho que eu. Eu tinha 17 anos e ele 29 quando isso aconteceu, hoje tenho 18 e ele 30, a delegada entendeu os fatos e arquivou o caso dele contra mim, mas ele foi tão cara de pau que me denunciou e fez até exame de corpo e delito pra tentar provar algo”, encerrou.

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O caso ganhou grande repercussão na web, e deixou a jovem preocupada com as possíveis perseguições que poderia sofrer de Ian. “Eu só não apago tudo com medo dele vir atrás de mim pelo apoio que tô recebendo, porque sério, que vontade de sumir. Ao mesmo tempo tô feliz pra c*ralho das pessoas terem me ouvido e morrendo de medo de quando ele souber que eu finalmente falei”, escreveu.

https://twitter.com/mectrash_/status/1298444881820626945?s=20

O desabafo corajoso ainda serviu como incentivo para que outras pessoas que passaram por situações semelhantes conversassem com Rebecca Cury. “Cara, recebi tantos relatos parecidos com o meu e tantas mensagens de apoio que agora sim dou graças a Deus de não ter apagado. Estamos todas juntas, meninas, não se calem. Vamos superar tudo. Muito obrigada pelo apoio, gente, não tá dando pra responder todo mundo mas vou fazer o possível”, falou.

Ajuda inesperada

O youtuber e empresário Felipe Neto foi uma das pessoas que foram pegas de surpresa pela história do “comilão de cachorro-quente”. “Que história INACREDITÁVEL! Que moleque. Simplesmente surreal. Bruna, pode deixar que a parte jurídica a gente cuida pra você. Não é pelo cachorro-quente, é pela falta de caráter, cara de pau e ainda FINGIR QUE É A VÍTIMA! Tô pasmo. Bora ganhar isso, Bruna”, declarou em solidariedade à empreendedora.

https://twitter.com/felipeneto/status/1298453847938084868?s=20

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Posteriormente, seus seguidores o alertaram a respeito dos desdobramentos com a denúncia feita por Rebecca. O influenciador acompanhou tudo e decidiu ajudar a fotógrafa. “Acabei de ler as threads da irmã desse sujeito Ian, o cara que comeu o cachorro-quente. Estou levando o caso pra minha equipe jurídica e de segurança, além de acionar institutos de proteção a vítimas. Vamos fazer o possível contra o sujeito. Estou completamente enojado”, postou.

https://twitter.com/felipeneto/status/1298461745447669760?s=20

Quando a fotógrafa sinalizou que poderia apagar a denúncia, Felipe Neto foi uma das pessoas que a incentivou a manter os tuítes. “Não apague, não se cale. Amanhã algumas pessoas vão te procurar para te oferecer suporte”, alertou nesta quarta (26). “Mano, não é possível, eu tô chorando muito, eu não acredito que você viu, eu achei que eu nunca ia conseguir ter voz. Muito obrigada por tudo, eu não tô conseguindo acreditar ainda. Eu quase apaguei e me ligaram falando que você tinha visto. Muito obrigada de verdade. Eu não sei nem o que dizer, eu tô chorando muito, eu tô muito feliz. Finalmente eu tive voz”, comemorou.

https://twitter.com/mectrash_/status/1298465867353804801?s=20